O Homem de Aço | Crítica

O Homem de Aço

Quando Superman – O Retorno estreou em 2006 acabou caindo em um vácuo de público. O filme de Bryan Singer era cheio de estilo e homenagens ao filme original de 1978, mas “parado” demais para um blockbuster de verão. O resultado foi uma recepção até animada da crítica, mas uma bilheteria considerada fraca o suficiente para sepultar qualquer oportunidade de uma nova franquia do herói.

Portanto, quando a equipe criativa de O Homem de Aço (Man of Steel) foi divulgada pela Warner o recado parecia claro: revitalizar a franquia apostando no que já havia dado certo anteriormente. Assim o estúdio entregou a Christopher Nolan (nova trilogia do Batman) a produção, David S. Goyer (também da trilogia Batman) assumiu o roteiro e Zack Snyder (300 e Watchmen) ficou com a direção. Um dos maiores carros chefes da empresa precisava voltar a ser relevante para a audiência e arrecadar tanto dinheiro quanto os Homem-Aranha e Homem de Ferro da vida.

O Homem de Aço

A mistura visa pegar justamente o que tem de melhor de cada um. Se a Nolan interessa o realismo e a seriedade da história (militares e impacto de uma invasão alien estão presentes no filme) e isso é rapidamente sentido pela necessidade de tudo ser explicadinho, a Zack Snyder interessa muito mais a ação. Dessa forma, O Homem de Aço parece se dividir em dois filmes distintos, um que se preocupa em contar uma história e criar um envolvimento dos personagens com o espectador (nesse ponto a ótima escalação do elenco se mostra um dos grandes acertos), e um que se preocupa com que essa história seja “awesome”. Ambos, invariavelmente, acabam sabotados pela forma com que Snyder conduz o filme, sempre um tom acima, apostando que o mito do Superman seja o suficiente para se sustentar.

Quando coloca a ação à frente da história, Snyder está privilegiando, nitidamente, os interesses do estúdio (Jon Peters finalmente conseguiu sua aranha gigante). Não que ele não o faça de forma competente. Toda a destruição promovida é construída visualmente de forma impecável. Mas e o estofo por baixo das explosões? Todo o esforço inicial realizado na tentativa de humanizar a história vai se esvaindo, incorrendo basicamente no mesmo problema do seu Sucker Puch – Mundo Surreal. Sem contar os momentos em que ele pesa a mão nas referências bíblicas (era realmente necessária a cena com o padre?).

O Homem de Aço

A trama em si obedece a lógica dos filmes de origem e reconta a história que todos estão cansados de saber. Vemos Krypton (a participação de Russell Crowe como Jor-El é excelente), o lançamento da nave e o crescimento do herói e suas questões, que são apresentadas por meio deflashbacks. Clark/Superman (Henry Cavill) tenta encontrar seu lugar no mundo e vaga pelo planeta ao mesmo tempo em que a repórter Lois Lane (Amy Adams) persegue a história de um suposto anjo salvador. É então que General Zod (Michael Shannon), um kryptoniano exilado, chega à Terra com seus asseclas e força Clark a assumir a famosa capa vermelha.

No fim das contas O Homem de Aço não chega a ser um filme ruim, mas é muito pouco para o tamanho que o mito do herói representa. O que não vai importar muito, pois o filme já começou indo muito bem nas bilheterias. Certamente a Warner parece ter se apropriado do mandamento tirado de um filme do próprio Nolan: o homem de aço não é um filme que o herói merece, mas é um filme que o estúdio precisa.

Cotação-3-5

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