LEGO Batman: O Filme | Crítica

lego_batmanUma grande ameaça aparece. Nosso herói é testado até o limite. Mas de repente, algo inusitado, cômico ocorre. Alguém faz uma piada com um filme antigo. Todo mundo ri. A lógica do humor, e principalmente do humor para crianças, no cinema atual, não está muito distante dessa sequência simples de acontecimentos. Ser engraçado significa tornar-se uma torrente interminável de referências irônicas que, se a maioria das crianças não entender, ao menos os pais irão apreciar.

A tendência não é necessariamente boa ou ruim, ela depende em grande parte de quem está por trás das câmeras. Uma Aventura Lego é um exemplo positivo, pois encontrou na ótima dupla Phil Lord e Chris Miller, que também assinavam o roteiro, sensibilidade suficiente para escapar da fórmula repetitiva e usá-la a seu favor, criando personagens carismáticos em uma trama construída com muito mais inteligência do que deixava transparecer.

LEGO Batman: O Filme infelizmente revela o outro lado da moeda, em que a fórmula é usada à exaustão e não há interesse o bastante para passar algum tempo fazendo valer seus personagens nem a trama batida que está em seu centro (em resumo, o herói, que obviamente trabalha sozinho, precisa se unir a novos amigos e constituir a família que ele tanto teme, para poder combater um imenso perigo).

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Ter uma quantidade enorme de referências não significa saber usá-las bem. Na verdade, as duas coisas costumam ser inversamente proporcionais. Se em Uma Aventura Lego todas essas referências serviam mais como pano de fundo para a jornada de um protagonista pouco convencional por sua falta de aptidões, aqui elas são inerentes à narrativa e por isso estão presentes quase 100% do tempo.

Claro que muitas delas ainda são incrivelmente engraçadas (morri de rir, por exemplo, com a cena que relembra todas as versões anteriores do homem-morcego nos cinemas), mas outras acabam sendo mal utilizadas com frequência. Basta ver a galeria de vilões, que vão desde Sauron até o tubarão do filme homônimo, e o quanto o potencial de cada um deles na história mal é explorado no pouco tempo que que eles possuem de tela.

Como a metralhadora de gags que são, também é quase impossível se importar muito com Batman (de novo na voz de Will Arnett), Robin (Michael Cera), Barbara Gordon (Rosario Dawson) e Alfred (Ralph Fiennes) pelo simples fato de que eles são mais piões em um tabuleiro do que personagens minimamente relacionáveis. Curiosamente, o Coringa (Zach Galifianakis) é ainda capaz de despertar algum sentimento e parece ser o único na história movido por algo mais do que a necessidade de criar alguma boa piada (o que, claro, acaba sendo bastante irônico).

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Tudo isso não quer dizer que o longa é ruim ou deixa de divertir crianças e adultos. A questão é que o excesso de gags pode ser quase fisicamente exaustivo para ambos, enquanto o fiapo de trama nem sempre é suficiente para prender a atenção. Ainda que de fato não tenha nenhuma aspiração maior, no que não há o que se criticar, a animação ganharia muito se apostasse na simplicidade e desse ao espectador um pouco mais de tempo para respirar.

Cotação-3-5

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