A Morte do Capitão América

*A primeira parte desse artigo não possui SPOILERS

“Guerra Civil” é sem dúvidas um dos maiores marcos dentro da Marvel, além de movimentar diversas HQs na época de seu lançamento original rendeu ainda uma sequência (iniciada ano passado), um jogo de videogame, um filme e um livro. Este último ganhou uma sequência que narra os fatos após a entrega do Capitão América que resultaram em sua morte.

Em relação aos fatos narrados, não há nenhuma inovação quando comparamos o livro com a HQ “A Morte do Sonho” de Steve Epting e Mike Perkins publicada em 2008. Mesmo as falas chegam a ser idênticas às presentes na revista em quadrinhos, o que me leva a crer que o autor Larry Hama teve pouca ou nenhuma liberdade criativa no romance.

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Talvez até por essa razão, “A Morte do Capitão América” é um livro fácil de ser lido. Assim como aconteceu na adaptação literária de Guerra Civil, os capítulos são curtos (alguns tem somente duas páginas) e descrevem situações rápidas (um telefonema, um discurso, um encontro, etc), é como se estivéssemos ouvindo alguém narrar uma HQ pra gente. Aqui, isso me frustrou mais do que no livro anterior, é uma fórmula que cansa muito rápido.

O livro, tal qual a HQ, é dividido em dois tipos de narrativa: em primeira pessoa quando se trata da Agente 13, Sharon Carter e em terceira pessoa quando o foco é qualquer outro personagem. A primeira se sai muito melhor do que a última, isso porque os conflitos pelos quais a personagem passa, são bem mais interessantes do que uma cena de ação (e ver descrito cenas de golpes e pontapés não é tão legal quanto parece nas HQs ou nos filmes).

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No mais, se você curtiu a leitura de Guerra Civil, e ficou curioso pra saber mais sobre a morte do herói símbolo do patriotismo americano, essa sequência não vai lhe decepcionar. É muito provável que ela jamais venha a ser adaptada para os cinemas, não antes de todo o MCU ganhar um reboot, então vale a pena conhecer um pouco dessa história que movimentou tantos personagens da Marvel.

*Se você ainda não leu o livro ou a HQ, pare a leitura aqui, uma vez que o texto contém SPOILERS.

A morte de um símbolo

Após se entregar ao Governo dos EUA, dando fim portanto à Guerra Civil, o Capitão América é direcionado a julgamento, no momento em que segue ao tribunal, percebe que há um atirador mirando em um dos policiais. Capitão então se joga na frente do alvo e leva o tiro, a multidão presente começa a correr e então se ouve mais três tiros que acabam por tirar a vida do herói.

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O suspense de “quem matou o Capitão” não dura muito, e logo descobrimos que a Agente 13 foi a responsável pelo crime, mas não de livre consciência. Enquanto passava por acompanhamento psicológico exigido pela S.H.I.E.L.D., Sharon Carter teve sua mente manipulada pelo Doutor Faustus a mando do Caveira Vermelha (sim, ele, mais uma vez!). Responsável pelos três tiros finais, Sharon passa boa parte do livro transtornada por ter atirado no homem que amava, e não ajuda o fato de tempos depois ela descobrir que está grávida de Steve.

Infelizmente Hama não dedica muito do livro pra reação da população para a morte do Capitão. Se durante toda a Guerra Civil as pessoas ficaram divididas entre Homem de Ferro vs Capitão América, pouco se sabe se a morte de um ídolo nacional chegou a comover a maioria dos americanos. Em uma breve menção descobrimos que Bucky, amigo do Capitão se envolve em uma briga no bar por ouvir alguém falando mal do Capitão, mas assim como no livro anterior, pouco da visão da mídia é exposta.

O luto de quem ficou

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Após a morte do herói nacional, o livro basicamente foca nos passos seguintes de Sam Wilson, o Falcão, Bucky (já sem a influência russa e com sua memória reativada) e a Agente 13. Esta última ainda abalada pelo fato de ter sido a responsável pelo tiro que matou o Capitão. A manipulação cerebral na mente de Carter foi tamanha, que em diversas vezes é possível perceber que ela não se lembra exatamente o que aconteceu na frente do tribunal, mas lá no fundo ela sabe o que fez. Não à toa, a frase que a faz rememorar tudo pela primeira vez é dita por Pecado, filha do Caveira Vermelha: “Doutor Faustus disse: ‘Lembre-se!’”

A culpa que Sharon carrega é tanta, que em um determinado momento ela tenta resolver tudo com um tiro na cabeça. Peça fundamental em sua recuperação é Sam Wilson, que parece ser o único a reagir de maneira normal à perda de um amigo.

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Bucky por outro lado decide se vingar pela morte do companheiro. E para a arma russa, a morte de Steve foi resultado não só de um plano do Caveira Vermelha com Aleksander Lukin, mas também por uma irresponsabilidade de Tony Stark, que se dizia amigo do Capitão. Tudo isso serve de motivação para que Bucky tente roubar o escudo de adamantium e possa então executar sua vingança.

O Novo Capitão

Steve era um homem precavido, durante os eventos de Guerra Civil, o herói procurou um advogado para fazer uma espécie de testamento caso viesse a morrer em decorrência do que estava acontecendo. O testamento deve ser entregue somente nas mãos de Tony Stark, e nele consta que Bucky deverá assumir o manto do herói.

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A princípio Bucky nega a responsabilidade, principalmente quando é Stark quem o comunica da vontade de Steve, mas após refletir, decide honrar os últimos desejos do amigo, mas faz duas claras exigências: a primeira é que os técnicos da S.H.I.E..D. apaguem qualquer implante ou código de segurança da mente do Soldado Invernal, e a segunda é que ele tenha liberdade plena, e que não responda a ninguém, assim como era com Steve. A partir daí ele ganha um novo uniforme, recebe o escudo e passa a atuar como o novo Capitão América.

A volta dos que não foram

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Bom, é óbvio que a Marvel não iria matar um dos seus maiores heróis, pelo menos não de verdade. Resta saber qual desculpa que a Casa das Ideias usou para trazer o Capitão de volta e se ele foi, de fato, convincente.

Tudo não passou de mais um plano do Caveira Vermelha (Sim, ele. De novo!) A justificativa é que a bala da Agente 13 não chegou a matar o Capitão porque ela foi disparada por uma arma com tecnologia especial desenvoldida pelo Doutor Destino, que deixou o Capitão em animação suspensa. O plano do Caveira era transferir sua mente para o corpo do Steve Rogers.

O verdadeiro Capitão, preso em uma animação suspensa após os disparos de Sharon Carter
O verdadeiro Capitão, preso em uma animação suspensa após os disparos de Sharon Carter

Enquanto isso, para despistar as atenções, Dr. Faustus usa um sósia de Steve Rogers (William Burnside) que realmente acreditasse ser o Capitão América após manipulações de sua mente. Em certo momento temos a luta entre dois Capitães, o sósia controlado pelo Caveira Vermelha e Bucky, real herdeito do manto. Bucky tenta convencer o novo Capitão de que tudo não passa de um plano manipulador. Ainda abalado pelas sessões com o Dr. Faustus, Burnside tenta ao máximo resistir ao discurso de Bucky.

Voltando ao real plano do Caveira Vermelha, a Agente 13 é chave fundamental para sua execução, uma vez que perdeu a criança que estava esperando após uma tentativa de fuga da prisão. Segundo o próprio vilão, as balas de Sharon eram na verdade balas de distorção temporal, e que o corpo que enterraram acreditando ser o real não pertencia a Steve Rogers.

No meio do procedimento de recuperação do verdadeiro Capitão América, Agente 13 (já livre do controle mental de Dr. Faustus) desperta e impede que o plano siga adiante. Neste momento a S.H.I.E.L.D. já encontra-se a caminho das instalações secretas, razão pela qual Caveira Vermelha decide fugir do local. Em meio à perseguição, Sharon dispara contra o corpo do Caveira e o mata.

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O livro acaba sem que o verdadeiro Capitão seja trazido de volta, mas deixa a entender que Sharon pedirá ajuda a Tony Stark para completar o procedimento iniciado pelo Caveira Vermelha. Isso provavelmente deve ficar para alguma outra sequência.

Dados Cadastrais
morte_do_capit_o_am_rica_capaTítulo Nacional: A morte do Capitão América
Título Original: The death of Captain America
Autor: Larry Hama
Tradutor: Paulo Ferro Junior
Categoria: Ficção; literatura estrangeira
de Páginas: 352
Formato: 16×23
Acabamento: Brochura
Edição:
ISBN: 9788542808001

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